NOVAMENTE
OS READAPTADOS
William Pereira da Silva
Alguém tem de ser o culpado. A explicação
agora para a educação não funcionar são os Readaptados, viraram os grandes
vilões da história. Os números indicam que existe um número enorme de professores
fora de sala de aula, acarretando a falta de professores em várias disciplinas.
Num jornal da cidade a manchete é “READAPTADOS TRAVAM A EDUCAÇÃO”, afirmação
esta que não concordo nem um pouco, pois trata de um direito nosso e que temos de
ir ao médico, ser consultado, diagnosticado e passar por uma junta médica para
poder ser readaptado, porém se existe readaptados sem o amparo legal da lei,
essas pessoas não podem ser consideradas READAPTADAS e sim com desvio de função, e se estão irregulares
que sejam colocados no seu devido lugar, agora afirmar e querer que os
READAPTADOS supram as necessidades da falta de professores isso é um absurdo.
Quem esta readaptado é porque precisa, é amparado por lei.
A readaptação de acordo com o Regimento
Jurídico Único dos Servidores do Estado e das Autarquias e
Fundações Públicas Estaduais, Lei complementar nª 122 de 30 de Junho de
1994, Título II, Capítulo I, Seção IV, Art 24, é a investidura do servidor,
ocupante de cargo efetivo em outro cargo de atribuições e responsabilidades
compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental, verificada em inspeção de saúde.
§ 1º. Se julgado
incapaz para o serviço público o readaptando é aposentado.
§ 2º. A readaptação
efetiva-se em cargo de atribuições afins, respeitadas a habilitação exigida.
Estou readaptado
desde o ano passado diagnosticado com o CID F31 + F32 (TAB) o que me impossibilitam
de atuar com sala de aula, as causas que me levaram a este quadro foram
acontecimentos indesejáveis desde o desrespeito dos alunos, ter sofrido
agressão verbal e física (jogaram prato da merenda nas minhas costas), até ameaças
de morte, além de ter vivido o pavor de invasões de marginais aterrorizando
toda a escola. Com 29 anos na rede estadual nunca vi tantos desmandos e
insegurança ameaçando os professores.
Vivi momentos de angustias e decepções, os quais me levaram a traumas profundos
e não tem quem faça eu voltar a uma sala
de aula, caso aconteça poderá ocorrer uma tragédia comigo ou com um aluno, pois
não suporto mais ser humilhado nem menosprezado por pessoas sem a mínima condição
de frequentar uma escola, marginais de alta periculosidade infiltrados no meio
educacional. Nos dias de hoje algumas escolas só funcionam com a presença da
polícia militar a sua porta.
Volto a alertar que em vários Estados, através de sindicatos e Ministério Público
existem projetos de lei que visam proteger os direitos dos funcionários
readaptados, inclusive teve casos de professores que entraram com um mandato de
segurança para manter seus direitos preservados.
"O servidor
readaptado, principalmente o professor, não é alguém que possa ou deva ser
descartado do sistema e prejudicado em seus direitos já que, na maioria das
vezes, seus problemas de saúde começam com a atividade profissional que ele
desenvolve nas escolas", salienta Giannazi, justificando que o
exercício do magistério é árduo e difícil e vem tendo suas condições de
trabalho pioradas em razão do descaso das sucessivas administrações que não tiveram
competência de fiscalizar como também
forçar professor a atuar em salas superlotadas com indisciplina e
insegurança muitas vezes presente.
Caso não haja uma mudança no quadro atual, o Governo vai ter
de se acostumar com a avalanche de readaptações de professores transtornados,
neuróticos e debilitados de uma função mal remunerada e problemática ocasionada
por uma realidade criada pelos próprios governantes que agora querem colocar os
READAPTADOS na cruz.
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