AUGUSTO DOS ANJOS
TEMPOS IDOS
Não enterres, coveiro, o meu Passado,
Tem pena dessas cinzas que ficaram;
Eu vivo d'essas crenças que passaram,
E quero sempre tê-las ao meu lado!
Não, não quero o meu sonho sepultado
No cemitério da Desilusão,
Que não se enterra assim sem compaixão
Os escombros benditos do Passado!
Ai! não me arranques d'alma este conforto!-
Quero abraçar o meu Passado morto-
Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!
Deixa ao menos que eu suba á Eternidade
Velado pelo círio da Saudade,
Ao dobre funeral dos tempos idos!
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