domingo, novembro 26, 2006

TEMPOS IDOS


AUGUSTO DOS ANJOS



TEMPOS IDOS


Não enterres, coveiro, o meu Passado,

Tem pena dessas cinzas que ficaram;

Eu vivo d'essas crenças que passaram,

E quero sempre tê-las ao meu lado!

Não, não quero o meu sonho sepultado

No cemitério da Desilusão,

Que não se enterra assim sem compaixão

Os escombros benditos do Passado!

Ai! não me arranques d'alma este conforto!-

Quero abraçar o meu Passado morto-

Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!

Deixa ao menos que eu suba á Eternidade

Velado pelo círio da Saudade,

Ao dobre funeral dos tempos idos!

Nenhum comentário: