domingo, abril 26, 2009

O TEXTO E SUA ESTRUTURA - JORNAL DE FATO

FONTE: JORNAL DE FATO 26/04/2009 - REVISTA SUPLEMENTO DOMINGO


http://www.defato.com/domingo/domingo.php



CRÔNICA/JOSÉ VÁLTER REBOUÇAS


O texto e sua estrutura



A palavra texto provém do latim "textum", que significa "tecido, entrelaçamento". Há, portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que resulta da ação de tecer unidades, constituindo, assim, um todo organizado.
Para se comunicar, o ser humano necessita de textos, sejam verbais ou não-verbais. Do contrário, não há comunicação, sendo o discurso a unidade básica de entendimento entre os falantes.
Uma palavra, frase, parágrafo ou mesmo imagens constituem textos, desde que estejam inseridos numa situação comunicativa.
A existência de um texto depende de uma cena enunciativa, composta dos seguintes elementos: o enunciador, o co-enunciador e uma situação de enunciação (tempo e lugar concretos em que ocorre a produção).
Para produzir um texto, o produtor precisa ter algumas competências, tais como: linguística, enciclopédica e comunicativa ou interacional.
#Linguística: diz respeito à compreensão do funcionamento interno da língua;
#Enciclopédica: está relacionada ao conhecimento de mundo do falante;
#Comunicativa ou interacional: considera a intenção comunicativa como a base de entendimento entre os falantes.
O texto pode ser definido como a base de um discurso coerente e coeso, que, em um determinado contexto, produz um efeito sobre alguém.
A intenção comunicativa do autor diversifica-se em: exprimir sentimentos, estabelecer elos comunicativos de natureza pessoal e/ou social, informar, persuadir o interlocutor, utilizar a linguagem como instrumento do processo de definição a serviço da comunicação, explorar a diversidade de uso que a palavra pode assumir em diferentes situações. Nesse sentido, o emprego das funções da linguagem (emotiva, fática, referencial, apelativa, metalinguística e poética) constitui mecanismo de grande relevância no texto.
A interação comunicativa não só resulta do ato de produção da fala como contexto de enunciação, mas também deixa em evidência a competência linguística, o grau de informação e a capacidade emocional e intelectual dos falantes inseridos no discurso.
A leitura constitui um ato cognitivo e social em que interagem os sujeitos, obedecendo a necessidades e objetivos socialmente determinados. Ao ler, o indivíduo apoia-se numa relação de significados e intenções que envolvem a compreensão de sentenças, argumentos e objetivos. A análise de um texto é um processo caracterizado pela utilização de intenções comunicativas e de estratégias de processamento textual das relações sintáticas, lexicais, semânticas e pragmáticas, sendo essencial a ativação do conhecimento prévio à construção de inferências.
A textualidade compreende um conjunto de características que fazem que um texto não seja apenas uma sequência de frases, mas um todo organizado.
A intertextualidade contribui para que um texto estabeleça relações com outro(s), construindo-se um discurso a partir de algo já dito (paráfrase e paródia).
A leitura é bem mais que a simples decodificação de palavras, exigindo do leitor proficiente a capacidade de fazer inferência, compreender e identificar informações implícitas (subentendidos e pressupostos).
A língua é muito diversificada, por isso é necessário concebê-la de modo heterogêneo. A variação linguística compreende todas as formas possíveis de linguagem, considerando fatores, tais como: o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que o indivíduo se manifesta.
A escrita é, portanto, uma atividade interativa de expressão, de manifestação verbal das ideias, informações, intenções, crenças ou dos sentimentos partilhados com alguém, para, de algum modo, interagir com ele. Expressar-se bem é uma condição prévia para o êxito da atividade de escrever. Não há conhecimento linguístico (lexical ou gramatical) que supra a deficiência do "não ter o que dizer". As palavras são apenas a mediação, ou o material com que se faz a ponte entre quem fala e quem escuta; quem escreve e quem lê. Como mediação, elas se limitam a possibilitar a materialização do que se sabe, pensa e sente. Se faltam os conhecimentos, vão faltar as palavras. Daí que a providência maior deve ser a busca das ideias, a ampliação do repertório de informações e dos horizontes de percepção de tudo que existe. Então, as palavras virão, e a crescente competência para a escrita vai ficando por conta da prática de cada dia, do exercício de cada evento, com as regras próprias de cada tipo textual (narrativo, descritivo, argumentativo, injuntivo, etc.) e de cada gênero (bilhete, e-mail, carta, charge, romance, poesia, artigo de opinião, etc.).
Os gêneros textuais são variados e surgem em função do aparecimento de novas cenas enunciativas; alguns desaparecem ao longo dos tempos em decorrência do uso infrequente e outros podem sofrer transformações de acordo com a necessidade. Embora os gêneros não apresentem um aspecto permanente, cada um tem as suas especificidades, sendo, portanto, possível a identificação de suas características através do exercício contínuo de produção e leitura dos mais variados textos.

Prof. José Válter Rebouças é graduado em Letras pela Uern e pós-graduado (especialização) pela UFRN.





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