segunda-feira, abril 27, 2009

UMA REVOLUÇÃO É PRECISO

FOTO (William Pereira)


Uma revolução é preciso

Rinaldo BarrosProfessor da UERN e dirigente do PSB

FONTE: http://www.correiodatarde.com.br/artigos/42165



Assuntando cá no meu canto e lembrei do tempo em que o fogo ingênuo da paixão ainda ardia em meu peito rebelde de estudante. Saudade danada. Vivenciavam-se romanticamente idéias e sonhos revolucionários. Hoje, lamentavelmente, o conceito de Revolução soa como coisa antiga, ultrapassada ou brega.

O mundo mudou, tornou-se pós-moderno (onde tudo é descartável) e globalizado, gerando novas contradições. Vivenciamos todos agora, perplexos, a experiência novíssima da sociedade da informação, com desafios novos frente a problemas herdados historicamente.

Como conseqüência do êxodo rural, em função da mecanização das atividades no campo, a partir da década de 60, a sociedade brasileira urbanizou sua população muito rapidamente, mesmo tempo em que a família, a escola e a igreja sofreram impactos desintegradores. Frente a essa nova realidade urbana, a atual geração foi atingida pela massificação das informações, pelo consumismo, pela competição individualista, pela facilidade de acesso ao consumo de drogas e, principalmente, pelo desemprego estrutural, resultante do novo padrão de acumulação do sistema econômico.

Paralelamente, tudo indica que a escola tem assumido um papel meramente instrumental: preocupa-se muito em preparar o jovem para o "êxito profissional" e muito pouco em abrir espaços para compromissos sociais e em estimular uma visão crítica sobre a vida.Por outro lado, o mundo do Dever Ser, ou seja, a legislação, o Judiciário e Sistema Penitenciário a cada dia se tornam mais distantes do mundo real vivenciado pelos milhões de jovens brasileiros (entre 14 e 25 anos), os quais, sem horizonte, não se intimidam com a duração da pena. Talvez intimidasse, se fosse instituída a obrigatoriedade do trabalho para todos os apenados. Mas, hoje, a lógica do submundo associa a prisão apenas a uma hospedagem gratuita. Penso que podemos resumir a complexidade do mundo contemporâneo em duas ameaças terríveis: 1) a exclusão crescente de grandes massas humanas, aprofundando o fosso da desigualdade social, gerando violência, corrupção, delinqüência juvenil, impunidade e, pior que tudo, fortalecendo o crime organizado e; 2) o risco de extinção da espécie humana, como conseqüência da ganância irresponsável a partir da agressão cotidiana, em escala industrial, ao meio ambiente de todo o planeta: poluição, desertificação, desmatamento, desperdício de água, matança de animais, aquecimento global, aumento do volume dos oceanos, entre outros crimes.Como exemplo, registro o resultado de um estudo recente realizado pela ONU: Daqui a 20 anos, vai faltar água para 60 por cento da humanidade.

Pois bem. Essas ameaças terríveis não poderão ser enfrentadas apenas com pequenos gestos pontuais ou tentativas isoladas de planejamento ou simples atualização da legislação penal em vigor. Quase ninguém tomará conhecimento sobre as novas leis, assim como desconhecem as leis em vigor.

Estou convicto de que somente um extraordinário movimento revolucionário focado na disseminação do conhecimento, aliado a disciplina e ao autocontrole como conseqüência da transmissão de valores éticos e universais, assimilados e praticados por todas as forças vivas da sociedade será capaz de enfrentar estes desafios. É preciso inaugurar uma nova era!Esta nova era pressupõe uma imensa oportunidade de disseminar massiva e democraticamente as informações, utilizá-las para gerar conhecimento novo que nos leve em direção a uma sociedade mais justa e, repito, baseada em valores éticos universais. Pressupõe uma idéia fora de moda, uma revolução: a Revolução da Educação. Ao invés de reduzir a idade penal, aumentar o tempo que os jovens passam na escola, e mudar a escola através de uma reforma radical nos projetos pedagógicos, nos currículos e nas atitudes. Com a cumplicidade de toda a mídia impressa e televisada.Disseminar o conhecimento é a única forma de mudar a nossa história!

Um comentário:

leonizage@hotmail.com disse...

parabéns professor pelo belo texto!
me fez refletir também. Bem como lembrar do meu bom tempo juvenil