O DIA QUE MUDOU MINHA VIDA.
O DIA QUE MUDOU MINHA VIDA.
Por Steffan Edward
Essa semana recebi uma das notícias mais importantes da minha vida. Fui aprovado no doutorado. Sim, foi uma grande conquista. Dessas que te faz olhar para trás e lembrar tudo que foi preciso ser feito para chegar até aqui. Mas o grande mérito nunca foi meu, mas daqueles que sempre me incentivaram a ir além. Lembro de cada dificuldade, de cada obstáculo vencido, de todas as lágrimas, mas lembro das vitórias e daqueles que sempre estiveram ao meu lado.
A verdade é que são os bons exemplos que temos quando ainda criança que nos norteiam, que nos inspiram, que nos alimentam a imaginação e te dar aquele start e te faz pensar: “É disso que eu gosto, é isso que eu quero para minha vida”.
Tenho a mais profunda certeza que um dia em especial mudou a minha vida para sempre. Não recordo a data, mas foi um dia especial para uma criança de seus 12 anos.
Uma tarde de domingo na casa da minha avó meu pai e meu tio Renan e meu tio Lú batiam um papo descontraído. A velha cerveja já pela metade, um maço de cigarros, devia ter também algum rum. Próximo ali eu e meu primo Johann ouvíamos a conversa. Percebi a empolgação deles e resolvi me aproximar. Mais perto da mesa ouvi que tio Lú falava de algo que me roubou a atenção. Em pé, com sua serenidade, ele falava da cobra Cascavel. Hábitos alimentares, habitat, aspectos comportamentais. Tudo era dito com tanto domínio, tanta admiração, tanto calor, que aquela criança de 12 anos não conseguia mais voltar para seus brinquedos, largando-os de lado.
Cada palavra me soava tão profunda e intrigante. Meus olhos brilhavam! Mais ainda quando ele concluiu citando o nome científico da espécie. Mudando o tom de voz para dizer: “Crotalus durissus!” Foi quando meu tio Renan levantou e interrompeu: “Crotalus durissus cascavella, é a nossa cascavel nordestina”, completou.
Com aquele brilho nos olhos que só uma criança tem cheguei em casa e pedi a meu pai o Livro dos Bichos. Uma verdadeira bíblia com desenhos de inúmeras espécies de animais. Em ordem alfabética. Cada um com seus hábitos alimentares, comportamentos, habitat, etc. Corri as páginas até a letra C e lá estava, o nome científico da cascavel, da mesma forma que meus tios disseram. “fascinante!”, pensei. Daí então a paixão só crescia.
Todos os domingos que ia para casa da minha avó ficava caladinho, fingindo está brincando com os brinquedos do meu primo na expectativa de meu pai e tios começarem a falar de bicho. Mas nem sempre acontecia. Então voltava para casa, meu pai ligava a TV no canal Cultura e assistíamos juntos América Selvagem.(http://www.youtube.com/watch?v=ZGPHkzNzTJk) Deitados no mesmo colchão, na sala, com a cabeça na barriga dele matávamos assim todas as tardes de domingo. No final de cada episódio eu e meu pai repetíamos em quase uníssono: “Meu nome é Marty Stouffer, e esse foi mais um...e quase gritávamos, AMÉRICA SELVAGEM!”
São os bons exemplos que moldam a mente de uma criança. As fazem sonhar.
Serei eternamente grato ao meu pai e tios por esse dia especial.
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