sexta-feira, dezembro 31, 2010

A VERGONHA DE SER HONESTO


Em 1914 Ruy Barbosa proferiu diante do Senado Federal um discurso absolutamente extraordinário acerca da desonestidade e da falta de justiça.
Esse discurso é uma das coisas mais atuais que tenho tido notícia. Nada mudou com relação à impunidade de 1914 até hoje nesse país. Jovens queimam índio e ficam impunes, arrastam uma criança até mata-la esfolada e não são punidos de forma exemplar, batem numa moça que espera pelo seu ônibus e ainda dizem que pensavam que era uma prostituta.

A crise econômica acabou, não temos mais inflação , temos é violência, hoje a crise é moral, é o vale tudo, é a paralisia do povo que não tem educação e nem consciência política suficiente para bradar pelos seus direitos e para expulsar esses ratos de esgoto que ocupam as cadeiras das “casas do povo”, o Senado Federal e o Congresso Nacional.


De Ruy Barbosa de Oliveira: 
“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”


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