domingo, março 04, 2007

BRUMOSO NAVIO - CECÍLIA MEIRELLES

Brumoso navio

CECÍLIA MEIRELES

Brumoso navio
o que me carrega
por um mar abstrato.
Que insigne alvedrio
prende à idéia cega
teu vago retrato?

A distante viagem
adormece a espuma
breve da palavra:
- máquina de aragem
que percorre a bruma
e o deserto lavra.

Ceras de mistério
selam cada poro
de vida entregada.
Em teu mar, no império
de exílio onde moro,
tudo é igual a nada.

Capitão que conte
quem és, porque existes,
deve ter havido.
Eu? - bebo o horizonte...
Estrelas mais tristes.
Coração perdido.

Sonolentas velas
hoje dobraremos:
- e a nossa cabeça.
Talvez dentro delas
ou nos duros remos
teu NOME apareça.

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