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EDUCAR E ENSINAR: A DIFÍCIL MISSÃO "Educar não é ensinar respostas. Educar é ensinar a pensar." (Rubem Alves) Raimundo Antônio - Cronista - rsouzalopes@hotmail.com Assistindo, na semana passada, ao lançamento do projeto Gestar II - para professores de Língua Portuguesa e Matemática - Fundamental maior (6º ao 9º anos), deparei-me, num dos vídeos apresentados, com a frase acima, do educador Rubem Alves. Depois dessa frase, a minha cabeça ficou martelando sobre o verdadeiro significado dela. Revi, passo a passo, a minha trajetória de educador e procurei fazer uma analogia entre a citação do mestre e o que eu sempre procurei repassar para os meus alunos. Percebi que o educador é, antes de tudo, um abnegado, porém ele não tem um vírus que possa introduzir no seu pupilo e, através dele, dar-lhe a sabedoria. Mas ele tem o dom - aí sim - de reconhecer em seu aluno, o seu conhecimento informal - aquele esquecido por uma boa parcela de professores, na porta de entrada da escola, e que se encontra catalogado, em qualquer dicionário pedagógico, como conhecimento de mundo -, e transformá-lo em conceitos que possam ser aproveitados de forma sistemática, despertando-o para suas potencialidades inatas e que o ajudem a encontrar, entre suas verdades, as melhores opções para a sua formação. Entretanto, sempre nos enganamos com o sentido das palavras, dentre elas, ensinar e educar. De certa maneira, não é fácil conseguir distinguir uma da outra, pois a interpretação nem sempre é clara. Ensinar, para a maioria leiga, é a relação professor-aluno, onde um está a ensinar ao outro os conteúdos programáticos, os saberes temáticos, as teorias, a ler, a fazer contas; enfim, nunca nos damos conta que essa relação é apenas uma, entre tantas outras, para o processo de introduzir o jovem no universo da futura aprendizagem escolar. Todavia, sempre nos esquecemos que existem outros tipos de ensinar tão importantes quanto o ensinar institucional: o pai ensina ao seu filho - antes mesmo dele pôr os pés na sala de aula; a mãe ensina os primeiros passos - assim como, ensina-o a se defender. Ele aprende sozinho através da observação da realidade à sua volta; os meios de comunicação o ensinam - apesar de nem sempre ser o método correto; os vizinhos, os amigos e, acima de tudo, como somos frutos do meio em que vivemos (essa é a minha visão pessoal), ensinamos e aprendemos o certo e o errado, dependendo de onde e como o praticamos. Educar, no entanto, é diferente de ensinar. Educamos quando introduzimos nosso educando no universo em que ele possa desenvolver suas faculdades físicas, morais e intelectuais. Contudo, isso nem sempre se traduz numa prática saudável. Vai depender de como utilizamos a metodologia. E, assim como o ensinar, a primeira imagem que vem à nossa mente sobre educar é o método de nossos avós: respeito aos mais velhos, sermos comportados, aprender através do sacrifício do castigo (caroços de milho ou feijão - e a criança ajoelhada em cima - era uma técnica usada; a palmatória era outra), e não a essência filosófica do saber e das virtudes morais. Essa, sim, é a verdadeira raiz de educar: é fazer pensar. Por isso, quando eu vejo a ganância financeira ditar as regras educacionais, encaminhando nossos jovens para um futuro obscuro, sem planificação - apenas contemplando o futuro imediato de um ensino médio decorativo (a velha prática baseada na publicidade para ampliar o número de alunos que passam nos vestibulares) -, eu percebo, claramente, a enorme diferença que existe entre ser educador (aquele que é comprometido em buscar no novo a resposta para o conhecimento interativo, participativo, construído em base sólida, duradoura, para evoluir, no ser humano, a sua consciência cada vez mais complexa - cuidar da mente e do corpo, mas, principalmente, para que se faça bom uso desses conhecimentos), ser professor (comprometido apenas com o conhecimento e o conteúdo) e, ainda, o professor por acaso ou por falta de opção (aquele que está ali apenas fazendo um "bico" para ajudar a pagar a sua faculdade, não tendo compromisso com a instituição onde exerce a profissão e, muito menos, criando vínculo com seus pupilos, se utilizando de técnicas que se configuram como sendo decorativas, de quadro e giz, livros prontos e provas objetivas - na maioria das vezes, nem mesmo as avaliações são pesquisadas e escolhidas e aplicadas por ele mesmo) e chego à seguinte conclusão: ser educador é, antes de tudo, ensinar a ver o que tem dentro de cada um dos seus educandos e, ao mesmo tempo, aprender com esses mesmos educandos, as inovações do seu tempo e, com essas absorções, evoluir em conhecimento. |
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