sábado, janeiro 14, 2012

É NECESSÁRIO SABER...


É NECESSÁRIO SABER...


Posted: 13 Jan 2012 06:54 AM PST
Minha experiência com a alimentação.

Na busca pela saúde, entre tantos caminhos a percorrer, há entre eles o caminho através da alimentação saudável. Em busca de novas atitudes, o criar novos hábitos, a consciência de que o homem foi treinado a alimentasse de maneira errada, sem se perguntar de onde está vindo ou o que e como este alimento foi produzido ou preparado, quanto de sofrimento há naquele alimento que está no prato, quanto de substância química advinda do estresse do animal que passa pelo momento final de vida em um matadouro. As perguntas são muitas. As respostas existem, mas não escondidas. A sociedade não se pergunta destes hábitos um tanto quanto desnecessários a sua sobrevivência. Uma fonte de nutrientes essências a vida são obtidos da alimentação através das hortaliças e frutas.

Minha experiência com a alimentação veio por pensar nesses erros básicos que não damos ao luxo de examiná-lo com mais afinco, haja vista não queremos saber das verdades dos fatos, não queremos descobrir o quanto se gasta e se impõe sofrimento aquilo que não quer sofrer, não quer morrer. Buscamos o conforto para nós e subjugamos o outro ser vivente que, como nós, não querem sofrer ou morrer.

Lançar mãos a mudança de atitude não é das mais fáceis, visto que fomos treinados desde criança em hábitos, muitos dos quais, não saudáveis. Talvez por desconhecimento de nossos pais somos levados a aceitar aos poucos a comida que eles têm como saudáveis. Se observar a criança quando damos um pedacinho de carne para ela ingerir, percebe-se logo que ela rejeita inicialmente, assim acontece às vezes com o legume. Só que forçamos com mais intensidade a criança ingerir a carne, e não o legume. Daí ela passa a comer e a aceitar, ou acostumar o paladar, com mais rapidez e intensidade a carne.

O mesmo, creio, aconteceu comigo. Digo assim, pois observava meus irmãos mais novos passarem por essas experiências, tomei como fato também ocorrido comigo, e, até hoje, ainda luto para me libertar destes hábitos. Contudo, boa parte de minha alimentação não entra a carne, mas ainda aprecio o peixe e os ovos. Aos poucos tento estabelecer uma disciplina alimentar. Mesmo assim, ainda percebo dificuldade para adaptação a determinado tipo de comida que não venham estar no cardápio o peixe e os ovos. Algumas vezes faço minhas refeições com intenção de evitar agregar esses alimentos ao cardápio do dia. Embora a dificuldade esteja presente na supressão dos hábitos, procuro introduzir aos poucos receitas que tenham quantidades maiores de legumes e frutas.  

A ingestão do alimento poderá ser tanto bem vinda ao corpo quanto ao contrário. Tudo depende de como estão misturados, que tipo ou origem têm. Swami Chidvilasananda (1955), em um de seus livros publicados em português – A yoga da disciplina (2001) - acrescenta que:

"o alimento desempenha um papelimportante e vital na vida de todos os seres. O próprio fato de que há vida,significa que há alimento. É quase como se vidae alimento fossem sinônimos. Entretanto, quando a disciplina é deixada forada equação, morte e alimento se tornam sinônimos. A mesmacomida que dá vida, pode também se transformar em morte, quando não hádisciplina na alimentação"(2001, p.115).

Swami Chidvilasananda adverte para que estejamos atentos ao que é consumido (como alimento), sempre perceber que devemos tentar controlar o impulso de nos mantermos com nossos estômagos sempre cheios:
"Hábitos alimentares imprópriossão um pesado fardo para o sistema nervoso. O corpo não pode nem assimilar, nemexpelir, certos alimentos que absorve. A maioria das pessoas pensa sobre o quevai colocar na boca, o que vai colocar no corpo, mas esquecem de colocaratenção no que sai. É muito importante na vida do yogue estar atento ao fato de que o que entra, após ser assimiladode forma apropriada, deve tabém sair de forma apropriada. Tanto ingerir quantoeliminar são importantes". (2001, p.116).

Já algum tempo tenho acompanhado as mudanças de coloração nas fezes quando faço algumas mudanças na alimentação. Percebo que quando a ingestão é feita com legumes e frutas as fezes são claras e de consistência mais sólidas, com teor de água bem maior quando essa ingestão é feita com alimentos que contenham o trigo. Em épocas anteriores, quando ainda me alimentava com carne vermelha, minhas fezes eram escuras e com um odor característico mais forte, o que não se observava quando as refeições eram com legumes e frutas. Com a constância de hábitos mais saudáveis, ou seja, diminuição do consumo de carnes e massas, fritas ou não, noto que há a facilitação na hora de excretar, assim como na expulsão dos gases antes acumulados. È perceptível, que quando há o consumo de alimentos, normalmente em horários de lanches, nos quais não estão presentes as fibras, ou ainda, quando as fibras estão presentes e estas não são de origem integrais, não ocorre à facilitação da saída das fezes ou gases.

O consumo de carne é, hoje, uns dos causadores de problemas ambientais, é também causador de diversos transtornos intestinais e estomacais. Tais distúrbios no organismo, segundo Harish Johari (1998), vêm da estocagem ou do uso de um alimento que, na maioria das vezes, tem origem animal. Após o abate o animal vai se deteriorando, e para que seja possível o seu consumo faz-se necessário colocar para refrigeração e/ou, na maioria das vezes, são acrescentados conservantes e corantes a fim de esconder a cor amarronzada devido ao processo de apodrecimento. Johari acrescenta, citando a medicina ocidental, que após a ingestão da carne há um aumento de ácido úrico no organismo ocorrendo também o acumulo de substâncias químicas tóxicas logo no início do processo da digestão. Estas substâncias tóxicas levam tanto a efeitos nocivos físicos quantos mentais.

Muito embora saibamos dos efeitos nocivos ao organismo humano causado pela ingestão de carnes, há ainda uma grande utilização, por parte da sociedade, como o meio mais apropriado de alimento. Aqui em casa este consumo segue a mesma linha de pensamento da maioria. Tem-se incutido nas mentes de meus familiares a ideia de que nas refeições principais do dia, por exemplo, o almoço e a janta, têm que estar à carne como o gênero alimentício mais importante. Não obstante, no meu prato principal tem que estar presente a soja, mesmo que ainda não tenha assimilado seu gosto por completo, talvez porque que seja necessário um preparo mais apurado, uma técnica de preparo que introduza algo que aproxime ou deixe um gosto mais receptível ao meu paladar.

Acredito que o grande consumo de alimentos, em destaque a carne, está ligado ao desconhecimento dos danos ambientais e orgânicos. As empresas, ou as indústrias de alimentos, utilizam-se da mídia para reforçar a venda e o consumo de seus produtos. Escondem o quanto de sofrimento existe naquele pequeno pedaço de carne em seu prato. Peter Singer (2006) relata que:

"Para que a carne chegue às mesasdas pessoas a um preço acessível, a nossa sociedade tolera métodos de produçãode carne que confinam animais sensíveis em condições impróprias e espaçosexíguos durante toda a duração de suas vidas" (p.73).

Segundo Singer, a falta dessa consciência favorece as atitudes tomadas por alguns determinados países na utilização massiva deste alimento. O autor ainda acrescenta: 

"Além de tirar as suas vidas, muitas outras coisas são feitas aos animais para que eles cheguem à nossa mesa a baixo preço. A castração, a separação de mães e filhotes, a separação de rebanhos, as marcas com ferro em brasa, o transporte e, finalmente os momentos do abate, coisa que, provavelmente, envolvem sacrifício e não levam em consideração os interesses dos animais" (p.74).

Estes conhecimentos acrescidos a minha mente fez ainda mais o reforço em na busca de novas atitudes alimentares. Na intenção, também, de aliviar o sofrimento dos seres que não raciocinam, mas que sentem dores e angústias igualmente a nós.



Para saber mais:

CHIDVILASANANDA, Swami. A yoga da disciplina. Rio de Janeiro: Shiddha Yoga Dham Brasil. 2001.

JOHARI, Harish. Dhanwantari. Um guia completo para uma vida saudável segundo a tradição Ayurvédica. São Paulo: Pensamento, 1998.

SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fonte, 2006.


Nenhum comentário: