sexta-feira, abril 13, 2007

TORRE DE "PIZZA"

TRANSCRITO DO JORNAL COREIO DA TARDE EM 13/04/2007 - EDITORIAIS

http://www.correiodatarde.com.br/editorias/correio_natal-15651

Torre de "Pizza"

Taciana Chiquetti
 
Imagine que os engenheiros locais, irresponsavelmente, não fizessem um cálculo preciso para a base dos prédios. O Estado todo estaria ameaçado por tragédias sem precedentes. Estes edifícios se tornariam uma ameaça não apenas para seus moradores, mas para toda a vizinhança, o que se tornaria uma situação de calamidade pública, com direito a medidas emergenciais do Governo. Pois é mais ou menos isso que o País e o Rio Grande do Norte, especificamente, vivem com relação à Segurança Pública, Saúde e outros setores sociais importantes.

Tudo porque a base - a Educação - não foi planejada de forma eficiente. E o que dizer de novos "prédios" que continuam sendo construídos sem esse mesmo cuidado?

Essa é a realidade da Educação do RN, ansiosa por mudanças, já que apresenta condições precárias de trabalho e de salário para professores, falta de infra-estrutura nas escolas e um desempenho fraco dos alunos, numa clara insensibilidade aos resultados já negativos colhidos nos últimos anos: o Estado ocupa o último lugar no ranking nas disciplinas de Português e Matemática da quarta série do Ensino Fundamental, de acordo com o Prova Brasil, aplicado pelo Ministério de Educação.

Em um ano de CORREIO DA TARDE, em Natal, várias reportagens foram publicadas denunciando a situação difícil desta área social. A unanimidade prevaleceu nas queixas dos professores, mas também na esperança de que isso mude - o mais rápido possível.

Os educadores acreditam que um país que prioriza a educação consegue obter, por conseqüência, saúde e segurança pública de qualidade, colocando a Educação, portanto, como a mais fundamental entre as prioridades das políticas públicas norte-rio-grandenses.

Profissionais, poder público e organizações não governamentais tentam mudar o atual contexto, de acordo com suas atribuições e analisam os próximos rumos e a presente situação. Um dos representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN), Domingos Oliveira, diz que 2007 está sendo um ano de muita luta em todos níveis. "No plano nacional, o eixo da luta será o piso nacional salarial para garantirmos o piso com uma jornada de 30 horas e um salário de R$ 1.575 para o professor licenciado. No plano estadual, a luta tem como eixo central o enquadramento". Segundo ele, o Governo continua a dever as promoções e os trabalhadores da área ainda buscam o plano de carreira. "Também lutamos com a sociedade potiguar pela melhoria da escola pública".

Tijolo por tijolo

Se o prédio está torto e fragilizado é porque os tijolos ou o cimento que os ligam também estão mostrando qualidade comprometida, por vários motivos, que variam entre os de natureza psicossocial e cultural. A família é outra célula de grande relevância para a realidade da educação das crianças e adolescentes. Amar e dar limites parece um paradoxo, mas é fundamental para a tarefa de educar. De acordo com psicólogos, educadores, grupos de mútua-ajuda e com a prática dos próprios pais saber dizer "não" é o grande trunfo da educação contemporânea.

Preocupadas com a liberalidade que confundiu o papel dos pais e filhos nas últimas décadas, famílias e escola buscam resgatar certos valores sem perder outros já conquistados. Para a psicóloga Francisca Bampa, o exemplo é muito mais forte e mais educativo do que a agressão, além de durar para a vida inteira.

"Regras são regras e precisam ser combinadas. Uma vez estabelecidas, não devem ser infringidas. O que não pode hoje, provavelmente não possa nunca. Por exemplo: ficar com objetos de colegas, sem a permissão destes, não pode. Matar aulas para ir ao cinema, não pode. Deixar de ir à aula porque não fez a tarefa, não pode", mostra.

É preciso dizer "sim" somente quando for possível e dizer "não", sem medo de "traumatizar", quando realmente for necessário. Isto faz com que a criança adquira referências do que é certo e do que é errado, que vão perdurar por toda a vida. Além de crianças birrentas, o grande problema de uma educação sem limites é favorecer uma formação frágil de caráter, o que levará aos comportamentos reprováveis do ponto-de-vista moral e social no futuro. O amor, o respeito e a transparência da família, aliados às muitas ferramentas que são oferecidas para auxiliar os pais hoje em dia, em conjunto com a escola, podem ser de grande valia para o maior empreendimento que podemos conceber: a construção de um ser humano ético, desenvolvido intelectualmente e autônomo do ponto-de-vista emocional.
FONTE: http://www.correiodatarde.com.br/editorias/correio_natal-15651 



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