terça-feira, junho 12, 2007

ELES SÓ USAM BLACK

 
ElineteEles só usam Black
elinete.souza@uol.com.br
| 04 de junho de 2007 - 18h44min
Da edição impressa.

Os mais recentes casos de corrupção, envolvendo autoridades e empresários, só confirmam o que já sabíamos: o dinheiro público que falta para educação, saúde, segurança pública e previdência, prioridades de qualquer governo sério, está servindo para engordar fortunas de pessoas que deveriam ser exemplos para nós.

O que pensar de um país em que o trabalhador normal, eu, você e tantos outros "Zé Ninguém", tem a obrigação de trabalhar cinco meses durante o ano para alimentar os cofres públicos e, ainda por cima, é obrigado a assistir passivamente ao real destino dado ao suado fruto do seu trabalho?
O que pensar do futuro de um país em que aqueles a quem confiamos a tarefa de decidir os nossos rumos, dedicam-se incansavelmente a transformar o que é do povo em propriedade particular, especializando-se cada vez mais nessa arte tão lucrativa e antiga? Arte que levou um anônimo do século XVIII, a escrever: "... de sorte que não se distinguem dos ladrões que lhes mandam vigiar em mais senão que os ladrões furtam com carapuças e eles com as caras descobertas; aqueles com seu risco e estes com provisão e cartas de seguro".

Que ensinamentos a legislação deste país estará dando aos nossos jovens, ao conceder o direito, a todos estes "senhores" tão ilustres, a responderem os processos em liberdade? O de que só é crime roubar pouco?

Ainda insatisfeitos com a impunidade que reina quase absoluta em nossa pátria, os "respeitáveis", agora, ensaiam levantar as suas vozes nefastas para atingir duas instituições que ousaram tornar públicos os seus atos: a Polícia Federal e o Ministério Público, tentando implantar uma nova ordem moral: punição, não aos que cometem crimes, mas aos que apuram e denunciam, por perturbarem a paz daqueles que nos roubam e exporem seus nomes como se fossem ladrões comuns, que não podem contar com a proteção de sua própria autoridade.

Só para testarmos a nossa memória, nos últimos tempos foram: "mensaleiros", "sanguessugas", "especialistas em furacões" (falta-me um termo adequado), "navalheiros" e tantas outras denominações que nem mesmo a nossa língua portuguesa, aberta aos mais diferentes neologismos, está conseguindo acompa-nhar.

Ou mudamos a língua, ou mudamos a nossa postura passiva diante de tais práticas.

FONTE: http://www.jornalpaginacerta.com.br/elinetesouza.html#tie


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