quarta-feira, setembro 12, 2007

A declaração dos direitos da criança

A declaração dos direitos da criança

Martha Cristina E. Maia
Professora
martacristinamaia@hotmail.com
Na Constituição Federal, art.227, está escrito: é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação... "As crianças do mundo têm o direito de crescer protegidas por sua família. Quando isso não é possível, a sociedade e as autoridades têm o dever de se encarregar dessa proteção".

Através desse artigo, quero mostrar a minha indignação à visita do festival do folclore, teatro Dix-huit Rosado, em Mossoró, quando no dia 24 de agosto pela manhã, onde os alunos do Colégio Municipal Ronald Pinheiro Néo Júnior foram convidados pra assistir às apresentações.

Chegamos ao teatro já com atraso, e mal chegamos foram concluídas as apresentações. O pior aconteceu na saída, quando fomos convidados a nos retirar do teatro porque eles tinham que "varrer o teatro para o turno vespertino, e o nosso ônibus iria demorar para nos apanhar".

Eu sou uma professora da rede municipal e sou deficiente, tenho uma deficiência física na perna (aparelho ortopédico) e sou bastante profissional, minha turma possui 23 alunos, e me recusei a sair do mesmo com os meus alunos. Imagine, querido leitor, o perigo dessas crianças soltas do lado de fora, esperando o ônibus mais de uma hora...

Do lado de fora um sol escaldante e com grande epidemia de gripe na cidade. Será que os direitos das crianças têm sido respeitados? Imagine agora se todos os ambientes de trabalho começarem a colocar as pessoas pra fora porque vão ter que limpar o ambiente? Onde está o valor à vida e o respeito? Respeito é bom e eu gosto. Será que se fossem as autoridades da cidade teriam sido convidadas a se retirar do teatro para varrer? Saibam que sou uma autoridade e tenho em minhas mãos vidas e crianças para proteger, e se fossem seus filhos gostariam que tivesse acontecido com elas?

Não se trata as diferenças com distanciamento. A vida não é tanto o que nos acontece, mas como reagimos ao que nos acontece. Estamos nesse mundo para fazer o bem aos outros.

Respeito e protejo os meus alunos, pois sou responsável por eles. A pior deficiência que encontro

na vida é a do coração. O não excluir é a base da vida em sociedade e necessitamos das escolas,legisladores, autoridades, esporte, lazer, serviço de saúde e de Justiça e a participação de toda a sociedade para a fundamental universalização do acesso e respeito pelo ser humano.

Possuo duas mãos perfeitas, e uma delas é para ajudar a mim mesma, e a outra é para ajudar ao próximo. Calar quando a gente está sofrendo é heresia.

Existe um lindo texto de nome Minhas três bolsas, que diz que a primeira eu levo comigo sempre cheia de coisas vindas de Deus, de sorte que eu possa repartir com todos os que eu vou encontrando no meu caminhar.
A segunda bolsa eu trago sempre vazia e nela eu vou colocando tudo o que é bom e útil, que vou recebendo de Deus pelos lugares por que eu passo. A terceira é uma bolsa sem fundos. Cortei-lhe o fundo, deixando com uma boca de entrada e outra de saída. Nela eu coloco as injustiças, ingratidões, zombarias e maldades e tudo da mesma qualidade que pelo caminho o diabo e os seus representantes fazem chegar até onde estou.

É preciso educar as pessoas sempre, pois o teatro é considerado um banho de civilização. Espero que certas atitudes mudem e o respeito vença sempre.

Ao concluir esse artigo, desejo ao querido leitor e às crianças do Ronald e do colégio Evangélico a letra da música de Milton Nascimento (Bola de meia, bola de gude).

"Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração/toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão. Há um passado no meu presente, um sol bem quente lá no meu quintal. Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão...

Bola de meia, bola de gude, o solitário não quer solidão, toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão".

Um lindo dia de paz e amor nesse amanhecer, é o meu desejo a todos.

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