quinta-feira, janeiro 25, 2007

SEM EDUCAÇÃO

SEM EDUCAÇÃO
Transcrito do Jornal Página Certa
Compreendi depois de algumas décadas de vida, que o maior flagelo da humanidade não são as grandes catástrofes naturais, as guerras duradouras, nem as ações do crime organizado; nem mesmo a corrupção generalizada.
O que nos oprime de fato e em doses diárias e sistemáticas é a constatação de que vivemos num país em que a educação não representa prioridade para as autoridades, e o mais grave é que nós nos acostumamos e aceitamos essa realidade com uma naturalidade espantosa.
Muitas vezes não nos damos conta de que grande parte dos problemas que afligem a sociedade, provém da falta de educação, não apenas a educação formal, mas aquela que privilegia valores éticos e morais básicos, os quais, se observados, possibilitariam uma convivência social mais saudável e equilibrada.
A falta de uma educação de qualidade ou a sua negação, enquanto único valor capaz de transformar o homem, compromete todos os outros aspectos de nossa vida, castrando-nos de forma cruel, da ampliação de nossos horizontes, tornando-nos pequenos e pobres, incapazes de percebermos a escravidão a que somos submetidos por outros valores disseminados por um mundo que desumaniza e submete à exclusão a imensa maioria que não consegue ter acesso à parafernália de bens tidos como essenciais pela cultura consumista.
Como falar em democracia num país em que a grande maioria não foi preparada para entender o valor do voto livre, longe dos interesses pessoais e mais preocupado com a realização do bem comum. Sem educação, realmente, não conseguiremos avaliar os efeitos nocivos da corrupção nossa de cada dia. A sua ausência priva-nos de uma convivência pacífica com o meio-ambiente, destruindo o que seria a grande herança coletiva de todos: um ambiente saudável para as gerações futuras, onde todos pudessem desfrutar dos seus recursos naturais, entendendo que o cuidar é o único caminho compatível com a prática do amor.
A educação como não prioridade, destrói o fundamento de uma vivência fraterna, o respeito mútuo, a prática da valorização daquilo que há de mais sagrado, a nossa humanidade. Não podemos ser gente se não permitirmos que o outro também seja, e somente uma educação voltada para a formação integral do ser humano, poderá contribuir de forma decisiva para a disseminação em nosso meio de atitudes que construam verdadeiras relações, em que o bem estar coletivo estará sempre acima de nossas ambições pessoais.
* Maria Elinete Gomes de Sousa
Professora
elinete.sousa@uol.com.br

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