segunda-feira, julho 09, 2007

HORA DA SESTA

 

 

 

HORA DA SESTA

A ciência comprova que dormir depois do almoço faz bem. É preciso respeitar os ritmos biológicos

Por Simone Muniz

Você já pode pleitear um sofá para tirar um cochilo depois do almoço sem constrangimentos. Está comprovado cientificamente que a sesta faz bem. Segundo estudos da área de cronobiologia, nova disciplina que destaca a importância de se respeitar o ritmo de produção de cada ser humano, o ideal é dormir de 10 a 20 minutos no início da tarde, logo após o almoço.

Cronobiologia é a ciência que estuda os relógios biológicos, ou seja, a regularidade dos mecanismos de produção do corpo. Verifica as alterações de sono e de disposição física e mental de cada um. De acordo a disciplina, o ritmo biológico está relacionado, principalmente, com a fisiologia, o clima da região, a hora do dia, as estações do ano e os hábitos pessoais.

Os estudos da equipe do professor e cronobiologista John Araujo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, constataram que descansar no início da tarde faz parte do ciclo biológico de vários primatas, como o macaco sagüi. "Trata-se de um mecanismo inerente à espécie", diz John. Ele confirma a maioria das pesquisas internacionais que acreditam que também o ser humano fica menos disposto no início da tarde. "Uma aula às 13h, por exemplo, rende muito menos do que se fosse mais tarde", afirma.

Segundo ele, nos homens e em certos animais, a atenção começa a diminuir em torno do meio-dia, o horário, geralmente, mais quente. "Quando está muito calor, o organismo precisa de parar de produzir para se equilibrar. As atividades, físicas ou mentais, aquecem ainda mais o organismo e arriscam um desequilíbrio e uma desidratação", explica John Araujo.

Como a menor disposição no horário da tarde está relacionada com o equilíbrio da temperatura corporal, fica fácil entender que o clima da região e a estação do ano também influenciam na necessidade da sesta. Quanto mais quente, mais o corpo pede para parar. "Povos como os brasileiros têm maior disposição para fazer a sesta do que os do hemisfério norte. Mas há um preconceito muito grande, não respeitamos o nosso ritmo", desabafa Araujo.

Segundo os pesquisadores, ainda existem várias questões a serem esclarecidas sobre a sesta. Mas ninguém duvida que a necessidade de descansar no início da tarde também aumenta quando comemos muito ou se optamos por alimentos pesados.

"Ao se alimentar, o organismo desvia parte do calor e da energia para realizar a digestão", explica o cronobiologista Luiz Menna-Barreto, do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento de Ritmos Biológicos da Universidade de São Paulo. Se a qualidade e quantidade dos alimentos exige mais calor e mais energia para digerir, atrapalha a realização das atividades físicas e mentais.

É claro que, além de todos esses fatores, os hábitos de cada um também influenciam na hora da preguiça e da sonolência à tarde. O mais importante, de acordo com os cronobiologistas, é a consciência e o respeito ao ritmo próprio. "Não somos máquinas", diz Luiz Menna-Barreto. "Podemos administrar muito melhor o tempo de atividade e de repouso", completa.
 
 




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