sexta-feira, agosto 03, 2007

POR TRÁS DA GREVE - RN

FONTE: http://www.defato.com/cesar.php PUBLICADO NO JORNAL DE FATO DIA O3/08/2007 - SEXTA-FEIRA - COLUNA CÉSAR SANTOS

Por trás da greve


Seria leviano afirmar que a greve dos trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte, deflagrada há duas semanas, tem caráter exclusivamente político. Nada disso. A categoria luta por direitos que considera legítimos, principalmente no que concerne à pauta salarial. Agora, não tem como esconder que o movimento ganhou ingrediente político, a partir da queda-de-braço travada pelos grupos governistas que desejam ter candidatos próprios a prefeito de Natal. Fácil de extrair essa conclusão a partir de lances de bastidores da greve. A deputada federal Fátima Bezerra (PT), que fez carreira política a partir de sua história de luta ao lado dos professores, partiu para o confronto, por entender que a greve atinge diretamente seu oponente pela Prefeitura de Natal, o deputado federal Rogério Marinho (PSB), que sabidamente conduz a pasta da Educação, através da secretária Ana Cristina de Medeiros. Abertamente, a parlamentar petista fez ataques à "afilhada" de Rogério e a categoria em greve reforçou a campanha. A queda-de-braço trouxe para o campo de batalha a governadora Wilma de Faria (PSB), madrinha do projeto político de Rogério Marinho. Na semana passada, aproveitando a presença do presidente Lula em Natal, Fátima Bezerra tentou, sem êxito, pressionar Wilma a adotar medidas que deixariam Ana Cristina e, por gravidade, Rogério Marinho em situação desconfortável. A governadora reagiu, assumindo posições firmes, como o corte do ponto dos grevistas. Fátima continuou seu discurso contra a secretária de Educação, como se Wilma não tivesse nada a ver com isso, dando um status de poder a Ana Cristina que ela ou qualquer outro auxiliar do Governo não tem. Ora, todo mundo sabe que Rogério é o candidato de Wilma a prefeito de Natal. Por motivo de simples entendimento. A governadora precisa elegê-lo para viabilizar a candidatura da filha Márcia Maia, hoje deputada estadual, à Câmara dos Deputados em 2010. A cadeira de Rogério Marinho seria reservada a partir da eleição dele a prefeito da capital em 2008. Portanto, explicado o conteúdo político inserido na greve dos professores estaduais. Resta esperar que a categoria e, principalmente, o ensino público estadual não sejam penalizados por essa disputa nada educacional.

Nova via de diálogo


Como a dificuldade de diálogo com o Governo ficou mais acentuada depois da reunião de quarta-feira passada, o comando de greve dos professores procurou a ajuda da Assembléia Legislativa como nova via de negociação. Ontem, a bancada wilmista apresentou contraproposta do Governo: reajuste de 16,78% para os professores do quadro suplementar e de 29% para as demais categorias; promoções verticais e horizontais; e negociação das faltas em razão da greve. Não agradou.



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