sábado, agosto 25, 2007

Tiro no futuro, jovens assassinados

Tiro no futuro, jovens assassinados

Antônio Capistrano - Filiado ao PcdoB
FONTE: http://www.gazetadooeste.com.br/ EM 26/08/2007 - ARTIGOS



Título de uma reportagem publicada na Revista CartaCapital, que foi para as bancas na penúltima sexta-feira de 2006. Assunto por demais preocupante, a violência e a nossa juventude. Esse é um tema que todos os que têm responsabilidade com o futuro do nosso país deveriam se debruça sobre ele, principalmente os nossos gestores públicos. Essa questão já não é mais um problema social, hoje já se tornou um problema de saúde pública. Segundo a reportagem, os avanços conquistados com a diminuição da mortalidade infantil nos últimos anos estão sendo superados pelo o número elevado de assassinatos de jovens entre 12 e 19 anos. Segundo dados da revista, o crescimento dos homicídios entre jovens até 19 anos nas últimas duas décadas foi de 306%.
Ainda citando a reportagem publicada pela CartaCapital, de autoria de Phydia Athayde, ela aponta as causas dessa violência: "Por trás de número alarmante de assassinatos, evidentemente, estão a brutal desigualdade social e a vergonhosa distribuição de renda que mantêm o País dividido. Uma minoria escapa dessas estatísticas, enquanto milhares de jovens, parte da massa dos menos privilegiados, são aniquilados. Esses, essencialmente pobres e moradores das periferias, quase sempre negros".
As gerações pós-golpe militar de 1964, castradas politicamente com o decreto 477, com a censura e a repressão, vivendo em uma sociedade consumista, sem projetos culturais e desportivos que desse uma referência positiva na construção de um futuro saudável, estão sem norte, sem as referências para a formação de uma cidadania plena.
A droga, a marginalização, o envolvimento com o submundo do crime tomam conta da juventude, que nas periferias das cidades não tem o que fazer. A escola não é mais um atrativo, a educação não é mais o caminho para um mundo diferente. O consumismo incentivado por uma mídia descomprometida com a sociedade, sendo o lucro o seu interesse maior, tem contribuído com o agravamento do problema.
Hoje essa violência não é mais exclusividade das grandes cidades. Nas pequenas comunidades interioranas, com o processo de globalização, as antenas parabólicas fazem parte do cenário das residências mais humildes, uniformizando os desejos e os sonhos dentro de um consumismo desenfreado, de Norte a Sul e de Leste a Oeste do País. Sonhos esses incentivados pelas novelas e pelos programas que passam na telinha da tevê Globo e das suas concorrentes, alienando cada vez mais a nossa juventude.
O programa da Xuxa ou as novelas assistidas pelas famílias mais abastadas do País são as mesmas vistas por milhões de telespectadores que, muita vezes, não têm o que comer antes de ir dormir. O sonho do consumismo é incentivado da mesma forma, há uma padronização de comportamento, não há controle no tipo de programa que está indo ao ar, a sociedade fica à mercê dos interesses comerciais dos donos da mídia televisiva e radiofônica, sendo a televisão a mais danosa. O educador Rubens Alves, da Unicamp, diz que um semestre de aula que ele ministra vale menos do que um capítulo de uma novela global. E é verdade, é uma concorrência desleal.
Para se ter uma idéia do descaso com esse problema, basta olhar para a situação da juventude da nossa cidade, ir aos bairros da periferia. Qual a política pública traçada para essa área? O que o município vem fazendo em prol do jovem? Na área cultural e desportiva, quais os programas, idealizados e executados, direcionados à juventude pelo poder público municipal? Nenhum. O nosso jovem está entregue ao deus-dará.
Fazendo uma visita à periferia, conversando com os professores, as lideranças comunitárias, os comerciantes, lendo as páginas policiais dos jornais, é aí que você sente a gravidade da violência infanto-juvenil na nossa urbe. Prostituição, droga, falta de perspectiva de vida, é uma realidade assustadora. Às vezes fico sem esperança, estamos tanto um tiro no futuro. As políticas públicas existentes são um verdadeiro ralo do dinheiro público, a situação se agrava a cada dia.




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